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Tempo Rei

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Com certeza, mais do que 40 mil pessoas assistindo, ao vivo, a um espetáculo quase que sobrenatural. Outro tanto, certamente superior a 40 mil, assistindo à distância a esse mesmo espetáculo. Eu me encontrava nesse grupo, sentada no meu sofá, mas usufruindo com emoção de toda a beleza do Tempo Rei, último show de Gilberto Gil em São Paulo. Gilberto Gil, cantou, sem intervalo, durante duas horas e trinta minutos. Tomou água, por duas vezes. Cantou em pé, e dando algumas passadas. Houve uma hora em que achei que ele até chegou a dar um pulinho. Sentou-se somente das 21h15 min. até 21h 45 min., ou seja, durante 30 minutos. Gilberto Gil tem 83 anos. Incrível sua vitalidade, sua energia, tranquilidade, e carisma. Acompanhado por sua banda fantástica, que conta com alguns dos seus descendentes, viveu, e fez o público viver, muitos momentos de emoção. O repertório do show foi muito rico, mostrando toda a trajetória do compositor/cantor. E a surpresa da noite foi a participação especial de out...

Meu bolo favorito

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 Sempre estou atrás de um bom filme, para ser assistido em sala de cinema. Nem sempre é fácil encontrar. Em Santos, a troca de filmes costuma ser rápida, a não ser quando se trata de um filme de muito sucesso, como foi o "Ainda estou aqui". Usualmente, os lançamentos comuns entram e saem rapidamente.  Ainda assim, ficando atenta à programação, consigo encontrar filmes para assistir do jeito que mais gosto: numa sala de cinema. E, nesse ano, consegui gozar desse prazer algumas vezes. Um dos filmes que me encantou foi "Meu bolo favorito", produção iraniana que aborda a solidão na velhice, e a resistência íntima às regras políticas rígidas. A personagem principal é uma viúva de 70 anos, que vive sozinha em Teerã. Sua filha e netos vivem no exterior, e seu cotidiano é marcado pela solidão, pelas rotinas simples. Parece que seu isolamento é quebrado somente em chás com amigas também idosas, e foi justamente após um chá que ela resolve mudar sua vida. Coloca-se na busca d...

Não me entrego, não!

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Não me entrego, não! Quem está dizendo isso, com toda ênfase, é o ator Othon Bastos, num monólogo maravilhoso apresentado no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Trata-se de um monólogo diferente, porque o ator consulta, às vezes, sua memória "externa" interpretada por Marta Paret. Durante pouco mais de uma hora e trinta minutos, o ator, do alto dos seus 92 anos, transita pelo palco, senta-se em algumas ocasiões, e usa sua voz forte e retumbante para contar sua trajetória no palco, no cinema, e na televisão. Às vezes o ator consulta sua memória "externa", para que traduza para os tempos atuais alguns acontecimentos do passado, ou para que o ajude na escolha de determinadas palavras. Falando sem parar, e sem se hidratar durante todo o espetáculo, Othon Bastos mostra que realmente não se entrega, e consegue emocionar lindamente sua plateia. Foi um programa maravilhoso, uma lição de vida. E para completar esse domingo tão cheio de emoção, conseguimos reunir um grupo gr...

Simbiose perfeita

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Há pouco tempo assisti ao filme "A verdadeira dor", e saí do cinema com uma sensação de leveza. Embora o tema do filme verse sobre a dor causada pelo Holocausto, a trilha sonora do filme é um enlevo só. " A Verdadeira Dor" ,  escrito e dirigido por Jesse Eisenberg, estrelando Jesse como David Kaplan e Kieran Culkin como Benji Kaplan, conta a história de dois primos que viajam à Polônia para descobrir mais sobre suas origens, e para homenagear a avó falecida. Na Polônia, os primos participam de um grupo de turismo, e inúmeras reflexões surgem quando das visitas aos pontos turísticos que reavivam a memória das dores vividas pela família. Esse roteiro melancólico, mas que também tem momentos de humor, é acompanhado por composições lindas de Frédéric Chopin. Baladas, estudos, noturnos, valsas e prelúdios, interpretados pelo pianista canadense Tzvi Erez.  Não poderia haver melhor trilha sonora.  Chopin, nascido na Polônia, compôs músicas cheias de emoção e intensidade, e...

Dar vida às flores. Ikebana.

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Ambientes floridos são lindos. Têm cores, têm harmonia, causam bem-estar. E as flores, além de transmitir beleza, possuem uma linguagem muitas vezes universal. Rosas, principalmente as vermelhas, expressam amor, ou paixão, lírio transmite pureza, girassol expressa esperança e felicidade. Revelam sentimentos, celebram datas e estão presentes em ocasiões marcantes da vida, do nascimento à partida. No dia a dia, presentear com flores permite demonstrar amor, amizade, conforto, gratidão, carinho. Mesmo desacompanhada de palavras, as flores vão passar o recado de quem está presenteando. E pode ser somente uma flor, ou um ramalhete. A mensagem estará presente. E nesse capítulo de flores, há um arranjo que me encanta: Ikebana. É algo que eu gostaria de entender, e de praticar. Vendo um anúncio de um workshop de Ikebana, fui participar. Era um grupo pequeno que, após algumas explicações sobre a arte, recebeu algumas flores e ramos pequenos, e se lançou à criação de um arranjo. E daí logo s...

O Colibri

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  Um dos últimos livros que li foi O Colibri, do autor italiano Sandro Veronesi. Livro festejado, por ter recebido em 2020 o prêmio Strega, prêmio literário italiano de grande  prestígio. O autor conta, de uma forma não linear, a história que envolve quatro gerações de uma família. Para isso utiliza-se de transcrições de cartas, e-mails, cartões postais, e ainda de chamadas telefônicas e mensagens de Whatsapp.  Abrange um grande período de tempo, e em todos os capítulos, ao lado da sua denominação, há referência ao ano em que os fatos contados ocorreram. Assim, a narração retorna do ano 1990 para 1960/70,  e desse período dá um salto para 2008.  Depois volta para 2000, e logo retrocede para 1983. E assim segue, durante toda a narrativa. Isso exige muita atenção do leitor, ou retorno a páginas anteriores, para confirmações. Pode até ser vista como uma redação original, mas que aliada a algumas informações extremamente detalhistas, como por exemplo a relação dos i...

Aniversário com taças pintadas

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 Festejar o aniversário é ocasião para reunir amigos e familiares, e quando as idades são diversas parece que uma atividade comum permite uma ótima interação. Coloque lado a lado uma idosa octogenária e uma jovem de 17/18 anos. Uma conversa não vai se esticar muito. Experimente dar às duas uma atividade manual. A conversa vai fluir com facilidade. Foi o que aconteceu no aniversário da Isadora. A mesa de atividades estava rodeada por pessoas de 17 a 87 anos, todas interessadas em criar uma pintura em taça de vidro. Qual o desenho? Quais as cores? Uma apreciando a ideia da outra, uma cedendo o vidro de tinta para a outra, elogios mútuos ...  E, após algum tempo, todas estavam se sentindo artistas e vendo o resultado das pinturas.  No final da comemoração, cada "artista" levou sua taça para casa. Bela lembrança.                                              ...